Garagem é um lugar onde se guardam carros.-.Garagem é o lugar onde a banda toca.-.Garagem é o lugar onde se guardam as ferramentas.-.Mas essa garagem é um lugar diferente.-.Que nem todo mundo entende...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terapia Ocupacional sem Fronteiras ( por Silvia Junko ) 1ª Parte

Nossa Terapeuta Ocupacional, Sílvia Junko Nakazune, está vivendo uma nova experiência no Japão, de lá, ela nos relata o seu dia a dia no hospital, as intervenções no tratamento com pacientes portadores de Distrofias Musculares, e muitas curiosidades:


Como tudo começou...

A Jica (Japan international cooperation agency) é uma agência do governo japonês que presta ajuda a outros países, seja na forma de envio de voluntários ou na concessão de bolsas de estudos/treinamento. Eu escrevi um projeto de estudo e submeti a Jica. O projeto foi aprovado e eles custearam a minha viagem, e minha estada aqui.

A decisão...

Conheci o Yakumo National Hospital depois que a Adriana Klein foi aos Estados Unidos e trouxe um livro escrito e editado pela médica daqui (Ishikawa Yuka). Achei muito interessante a intervenção deles, principalmente do TO que escreveu sobre recursos de tecnologia assistiva. Outro ponto que me chamou atenção é que os pacientes aqui usam equipamentos de auxílio a respiração desde 1992 e a expectativa de vida é alta, há pacientes com distrofia de Duchenne com mais de 40 anos. No Brasil, os pacientes também estão vivendo mais e por isso eu resolvi vir para cá.

A Localidade...

O hospital que estou, fica na última ilha ao norte do Japão (Hokkaido). É a região mais fria e a segunda maior ilha; Por ser separada da ilha principal tem algumas peculiaridades...

Aqui não teve samurais e não há castelos. O porto ao sul, Hakkodate, foi o primeiro a abrir para embarcações estrangeiras (durante muito tempo o Japão ficou fechado para estrangeiros) e por isso há algumas construções antigas em estilo ocidental. A comida daqui também é famosa, principalmente o leite, melão, aspargo, lula e alguns peixes.

A cidade de Yakumo é bem pequena (nem tem shopping aqui, se eu quiser comprar roupas preciso pegar um trem e depois de uma hora chego em Hakkodate, a cidade mais próxima que tem um shopping). Dizem que a população de vacas da cidade é maior que a de pessoas. Mas é uma cidade bem tranqüila, e as pessoas são muito simpáticas, é gostoso de morar.

O Yakumo National Hospital...


Originalmente o hospital foi construído para o tratamento de pneumonias, depois ele acabou se tornando um hospital de reabilitação pediátrica.

Atualmente o hospital possui 240 leitos, 120 destinados a pacientes com distrofias musculares e 120 para paralisia cerebral.

Há um espaço aqui, que parece um apartamento pequeno que é destinado a pacientes que vem de outras regiões longe daqui e precisam ficar alguns dias para fazer exames. O interessante é que para o acompanhante também é confortável. Além desse quarto, os pacientes que vem apenas para passar por orientação também podem usar outros leitos do hospital. É comum ter pacientes de longe, pois aqui é um dos únicos locais em que não se preconiza a traqueostomia, o tratamento de escolha é sempre a ventilação não invasiva.


Dentro do hospital há também uma escola especial que os pacientes em idade escolar freqüentam. Essa escola possui desde o ensino fundamental até o médio. Há alguns pacientes que depois de formarem continuam estudando e fazem a faculdade a distância.

Meninos e meninas...

Eu estou acompanhando os pacientes com distrofias musculares, os pacientes com paralisia cerebral praticamente não vejo. A média de idade dos pacientes com distrofia é de 30 anos, e o tempo médio de internação é 15 anos.

A maior parte dos pacientes são de cidades pequenas onde não tem tratamento adequado, ou as vezes nem tem hospital na cidade. E como moram longe (2-10 horas de viagem) os pais acham melhor interná-los.

Alguns voltam para casa ocasionalmente. Se os exames mostrarem que estão bem, eles podem voltar para casa quantas vezes desejarem durante o ano, a única restrição é que o período máximo seja de 1 semana.

As vezes os pais também vem para o hospital e ficam alguns dias aqui; Isso acontece principalmente quando o filho não pode viajar, ao lado do hospital há um alojamento que os pais podem usar.

É comum os pacientes entrarem quando estão no ensino médio. Eles entram para estudar, e depois que se formam alguns voltam para casa e outros continuam por aqui.


O diagnóstico mais comum é distrofia muscular de Duchenne, mas também há outros tipos (Becker, congênita tipo Ulrich, congênita tipo fukuyama, amiotrofia espinhal progressiva)

Em breve, a 2ª parte...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Outros Tempos ( Por Zizi Marques )


Imagem do Filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin

Vivemos um verdadeiro frenesi do tempo, as máquinas tomaram o nosso lugar de tal maneira, que a impressão que temos é que sempre foi assim. Há cada vez mais aparelhos, que deveriam nos auxiliar no cotidiano e nos permitir maior conforto e tranqüilidade. Ao invés disso, o ritmo parece se tornar cada vez mais alucinante.

A vida globalizada e individualista parece ditar as regras, o TER, o SER, e o PODER, e nós instantaneamente absorvemos a tudo, incapazes de demonstrar com clareza nossos sentimentos e também ressentimentos. Não estar conectado a este MUNDO materialista é causar espanto às demais pessoas.

Estamos nos esquecendo dos pequenos e preciosos detalhes que realmente fazem a vida valerem à pena e que nos fazem felizes.

Escondemo-nos no consumismo e deixamos de valorizar um afago ou um abraço, um incentivo ou uma palavra que nos ajude a encontrar o caminho que tanto perseguimos.

Aproximamo-nos cada vez menos dos propósitos de Deus, e novas gerações estão crescendo sem a menor idéia do Criador, sem limites e instrução moral, sem perspectivas.O aumento da violência, das doenças nervosas, da solidão e das fobias, são exemplos claros da falta de Deus que impera em todos os cantos do Planeta, onde, de um lado temos os extremistas fanáticos, que matam e explodem pessoas e lugares em nome de um deus arcaico e vingativo, de outro, religiosos que querem manter a todo o custo, uma igreja puritana, que quer brincar de faz de conta

Que futuro estamos semeando?

Será que a vida moderna que insistimos em levar, não está semeando o ódio e a inimizade no mundo de hoje e também naquele que ainda irá despertar?

Pensando nesta grande "novela" da vida real, transcreverei uma "historinha":

Que esta história sirva de reflexão ao tipo de vida que estamos levando, ao que estamos deixando se perder no tempo e principalmente ao que podemos MODIFICAR.

“Um poderoso feiticeiro, querendo destruir um reino, colocou uma poção mágica onde todos os seus habitantes pudessem beber. Quem tomasse aquela água, ficaria louco.

Na manhã seguinte, a população inteira bebeu, e todos enlouqueceram menos o rei - que tinha um poço só para si e sua família. Preocupado, ele tentou controlar a população, baixando uma série de medidas de segurança e saúde públicas: mas os policiais e inspetores haviam bebido a água envenenada, e acharam um absurdo as decisões do rei, resolvendo não respeitá-las de jeito nenhum.

Quando os habitantes daquele reino tomaram conhecimento dos decretos, ficaram convencidos de que o soberano enlouquecera, e agora estava escrevendo coisas sem sentido. Aos gritos foram até o castelo e exigiram que renunciasse.

Desesperado, o rei prontificou-se a deixar o trono, mas a rainha o impediu, dizendo: "Vamos agora até a fonte, e beberemos também. Assim, ficaremos iguais a eles”.

E assim foi feito: o rei e a rainha beberam a água da loucura e começaram imediatamente a dizer coisas sem sentido.

Na mesma hora, seus súditos se arrependeram: agora que o rei estava mostrando sabedoria, por que não deixá-lo governando o país? O país continuou em calma, embora seus habitantes se comportassem de maneira muito diferente de seus vizinhos.

E o rei pôde governar até o final dos seus dias.”

Será que precisamos também, beber a água do poço?

Trecho extraído: Verônica Decide Morrer; Autor: Paulo Coelho

Texto: Zizi Marques

Revisão: Bruno de Pierro