Utilizar o papel como ocupação
tornou-se um sutil processo de reabilitação na Abdim onde dobrar, colar,
enrolar e cortar trouxe não somente uma ação positiva as terapias realizadas na
terapia Ocupacional, como ao relacionamento entre pacientes, familiares e profissionais
da comunidade.
Dra Ana Lucia Langer - Abdim
Grande parte dos associados da
Abdim é do sexo masculino, então, a primeira conquista obtida foi vencer o
desafio de um tabu, provar que as atividades artesanais não é coisa somente
para meninas; Desmistificando esta teoria e reavivando as atividades artesanais
entre os pacientes, a terapia ocupacional precisava inovar e Como peça
fundamental a escolha do material trabalhado, o papel; Nascia uma nova
descoberta!
Ainda em processo de ajustes os
primeiros trabalhos foram surgindo...
Foi quando recebemos uma visita ilustre
que encantou a todos, a presença do Artista e inspirador, Carlos Eduardo Mac
Quillin que com o seu imenso talento, mostrou que arte não é mérito apenas da
Alma feminina.
Incentivo e profissionalismo, a
Equipe de Terapia Ocupacional tinha para dar e vender, o material para
trabalhar já estava escolhido - O PAPEL, instrução e inspiração – o artista Mac
Quillin nos agraciava com sua parceria, matéria prima – papel reaproveitável (a
maior quantidade possível em respeito ao Meio Ambiente); Do que mais
precisávamos?!
Faltava os novos artistas arregaçarem as
mangas e deixarem a criatividade aflorar!
A cada obra, um desafio maior...
Uma técnica nova conquistada e a segurança de novas metas.
Não pulamos etapas, não
desrespeitamos limites, garimpamos o terreno como um trabalho de formiguinhas conscientes
de nossas limitações e cheios de vontade de explorar novos caminhos.
Habilit Art foi a nossa terceira
exposição, no Museu da América Latina, o primeiro grande convite aberto ao
público em geral.
Nos caminhos da Pessoa com
deficiência, (tema da Exposição), nos trouxe o ensejo de mostrarmos o nosso
trabalho, mas também o de vivenciarmos uma nova caminhada, a caminhada da
Inclusão Social.
Através da arte tivemos a
oportunidade de SER caminho, de nos colocarmos no lugar do outro, de sermos
solidários e de nos inserirmos no papel social inclusivo, pois levamos a nossa
experiência de tratamento e ocupação, experimentamos uma realidade nova ao
preparamos os textos para o áudio descrição e para as TACS em Braille,
participamos da oficina de arte em papel (no encerramento); e aprendemos... A-PREN-DE-MOS MUITO!
O Memorial da América Latina, com
o Memorial da Inclusão, prova que se pode ter um ambiente bonito e acolhedor,
um ambiente público que respeita a diversidade entre as pessoas.
As necessidades especiais da Pessoa Portadora
de Deficiência Física, ainda são conotadas de forma negativa na sociedade, hoje,
quando se diz que uma pessoa é “especial”, estamos dizendo, ao mesmo tempo, que
ela é uma exceção na sociedade, ou seja, que é alguém que deve ficar de fora, Mas
a pessoa com deficiência é apenas uma pessoa com algumas limitações e, mesmo
com essas limitações, pode conviver em sociedade, pode ser PRO – DU – TI - VA desde
que haja adaptação a esta convivência, não constituímos um grupo a parte da
população geral, pertencemos a ela!
Que possamos continuar nossa
caminhada, vencendo as barreiras do asilamento, pois é necessária uma nova
mentalidade na busca da superação das limitações, na Inclusão Social e na
fraternidade, ainda temos muito a aprender inseridos homogeneamente na
sociedade em geral basta sermos aceitos.
( Texto: Zizi Marques )
( Texto: Zizi Marques )
Depoimento: Valdir Higino:
Confesso que fui pego de surpresa
quando num belo dia fui convidado para fazer estas tais descrições; A
audiodescrição é um recurso que consiste em narrar as propriedades de uma obra
como as cores, a textura, seu titulo, os autores e etc, para que pessoas com
deficiência visual, através de uma narrativa explicativa, ouvindo cada detalhe,
possam “visualizar” a sua maneira, a arte em sua volta. Nunca havia feito algo
do tipo!
Depois de refletir e querer
apenas e tão somente ajudar, me enchi de coragem e com a colaboração da equipe
de terapia ocupacional, montamos nosso mini estúdio e começamos a gravar.
E cada vez que soava o clic, era
pedido silencio e eu começava a decorrer sobre o texto, fui me dando conta da
importância daquele gesto. Eu estava tendo a oportunidade de com a minha voz,
poder proporcionar a alguém que não pode enxergar, através de palavras, sentir
como o nosso trabalho estava maravilhoso. Esta pessoa sem o sentido da visão
percebeu que mesmo gente com falha nos movimentos ou sem a capacidade de andar,
assim como eu, foi capaz de produzir arte com materiais tão simples.
Era um entrelaçamento das
chamadas deficiências que acontecia naquele momento, Um foi por alguns momentos
os olhos do outro e dessa maneira um corpo perfeito estava formado. Aquele
espaço criado para mostrar que seres humanos não são feitos apenas de carne e
osso, mas sim de essências, foi testemunha de uma imensa alegria compartilhada
com todos os que comungam e lutam pela causa da acessibilidade.
Conseguimos e nem imaginávamos
ver nossos esforços ir tão longe e surtir um efeito e um significado tão
contagiante, capaz de provocar em nós a vontade de continuar fazendo sempre
mais. Nosso objetivo será sempre mostrar que a arte além de reabilitar, tem
também o poder de congregar, seja na deficiência, historia de vida, arquitetura
publica, autoridades políticas e quem quiser participar dessa grande corrente
inclusiva que começa sim a passos lentos em nosso país, mas tenho certeza trará
a igualdade que tanto sonhamos.
Video exposição Habilit Art e oficina Pro Move - Ligue o som
O nosso muito obrigado !!!
A todos os visitantes da exposição e também as pessoas que não puderam comparecer ( uma vez que foi apenas durante a semana ), e nos enviaram emails e mensagens de apoio e carinho.
Elsa Ambrosio – Curadora do
Memorial e Equipe.
Munira Tanezi – Diretora executiva
da Abdim.
Empresas apoiadoras: We Can Fly( Márcia Grossmann Cohen ), Bei editora ( Adriana Domingues ), Memorial da inclusão, Governo do estado de São Paulo, Secretaria dos direitos das pessoas com deficiência.
Colaboradores: Carlos Eduardo Mac
Quillin, Equipe do Serviço Social e Estagiarias de terapia ocupacional da
UNIFESP, Santos e UFScar.
Equipe de Terapia Ocupacional – Execução
Equipe de Terapia Ocupacional – Execução
Aos nossos aprendizes, o nosso carinho e obrigado especial!
4 comentários:
Muito bacana essa matéria!!
É ótimo ver que vocês o quanto vocês estão crescendo e descobrindo ouro que tem dentro de vocês!!
Parabéns pelo belíssimo trabalho!!! E continuem criando obras maravilhosas!!
Zizi e Valdir: Mais um vez fui surpreendida pela reportagem que vocês escreveram...estou emocionada e encantanda em ver o "nosso" trabalho pelo angulo de quem "faz". Penso que a primeira semente foi plantada muito a fundo com a nossa querida Silvinha Nakazune, e esta teve que vencer mais de 1 metro de terra...para brotar o primeiro sinal de vida...e ai muitas pessoas começaram a ajudar a regar: Pedro, Aline, Rogério, João, Carlos, Elza, Ivone, Adriana(Bei), Marcia e todas as nossas estagiárias.
O tronco de tornou tão forte e colorido que toda vizinhança começou a emprestar seus olhos...e ai 2 anos depois o jardim deu tanta cor e arte, que teve que ser "emprestado" para outras curiosas vizinhanças( Festa do Harmonia, Shopping Frei Caneca, Memorial da Inclusão, Annhembi...).
Acho que agora é um caminho sem volta...realmente os artistas da Abdim produzem Arte! e esta os torna cada vez mais fortes!!
A todos vocês deixo um beijo com muito orgulho de fazer parte desta história !! estamos só no começo!!
Adriana Klein
Parabéns a todos os profissionais, familiares e artistas! As vitórias e conquistas de vcs são de todos nós!
Que lindas palavras, Zizi e Valdir! Ameeei!
E preciso compartilhar o quanto, em apenas dois meses, admiro os artistas da ABDIM, é incrivelmente encantador este trabalho que me deixa cada dia mais orgulhosa.
Estou realmente muito feliz por estar fazendo parte desta construção! Vocês são sensacionais!
Obrigada por me deixarem regar um pouquinho este jardim!
Parabéns pelos resultados maravilhosos! Vocês merecem!
Um beijo carinhoso,
Amanda (estagiária)
Postar um comentário